Influências brasileiras caracterizam a rotina dos moradores do Benin
Herança nacional é percebida sobretudo na religião e na gastronomia
![Desfile após a missa em celebração ao Nosso Senhor do Bonfim no Benin (Foto: Divulgação / Milton Guran) Desfile após a missa em celebração ao Nosso Senhor do Bonfim no Benin (Foto: Divulgação / Milton Guran)](http://s2.glbimg.com/pgJB6OcYY3oU2gbTIauLRnmijec=/s.glbimg.com/og/rg/f/original/2013/03/26/009.agouda.porto_novo.benim.2010_606x455.jpg)
!["Fechuada" à moda beninense (Foto: Divulgação) "Fechuada" à moda beninense (Foto: Divulgação)](http://s2.glbimg.com/0Ey1MndtIGs6L7mE0I27sMYxZYs=/s.glbimg.com/og/rg/f/original/2013/03/26/dsc_0659_291x218.jpg)
Na região africana, a identidade brasileira é visível em diversos segmentos, sobretudo, na culinária: com a feijoada, que antes de se transformar em uma iguaria nacional era um prato característico da senzala; ou com o kosidou, a mandioca ou o milho que fazem parte da dieta local. A relação cultural entre os dois países pode ser vista também nas festas populares, com a comemoração de Nosso Senhor do Bonfim; ou com o folguedo da burrinha, que segundo alguns estudiosos muito se parece com os festejos de boi ainda muito tradicionais em algumas regiões do Brasil.
![Estandarte da Irmandade Brasileira do Bom Jesus do Bonfim de Porto Novo (Foto: Divulgação / Milton Guran) Estandarte da Irmandade Brasileira do Bom Jesus do Bonfim de Porto Novo (Foto: Divulgação / Milton Guran)](http://s2.glbimg.com/yoZPPbpZwMfs3GCD6aoYSKetr48=/s.glbimg.com/og/rg/f/original/2013/03/26/008.porto_novo.celebracao_n_s_bonfim_2.2010_291x388.jpg)
do Bonfim de Porto-Novo (Foto: Milton Guran)
Segundo Milton Guran, antropólogo e autor do livro “Agudás: os brasileiros do Benin”, quando o antigo escravo retornava, embora ainda fosse um africano, seus laços familiares e sociais já não mais existiam, tornando-o uma espécie de africano “genérico”. “Para conseguir se inserir na sociedade local, os ex-escravos valorizaram sua “estada” no Brasil, único ponto comum a todos eles, que tinham na verdade as mais diversas origens étnicas. É como se a escravatura fosse tomada como ponto de partida para uma nova vida, escolhida miticamente como a nova origem comum. A língua portuguesa e a religião católica eram utilizadas para compor a nova identidade coletiva, que é na verdade a identidade dos brasileiros já estabelecidos na região”, ensina.
Quando se trata de religiosidade, o antropólogo destaca o sincretismo que há entre o Brasil e a África através dos rituais aos “vodouns” (orixás por aqui) ou da festa do Nosso Senhor do Bonfim celebrada na capital do país. “Em Porto-Novo, a festa começa na véspera da missa, com um verdadeiro desfile de carnaval, todo mundo fantasiado e duas grandes bandeiras brasileiras de abre-alas. Canta-se em um português aproximativo, mas também em iorubá (idioma local), sempre cantigas que reafirmam a origem brasileira da festa”, explica.